Tamiki Hara

Candelabro aceso para Tamiki Hara (1905 - 1951)


Escritor e romancista japonês. Nasceu em Hiroshima, em 1905. Morreu a 13 de março de 1951, na mesma cidade. Sobrevivente do bombardeio atômico de Hiroshima (1945), sofrendo dos efeitos da radioatividade, distúrbios mentais e extrema depressão, em novembro de 1951 atirou-se sob um trem. 


Trecho de "Cartas de Hiroshima".


Naquela manhã de 6 de agosto de 1945 ,levantei-me pelas oito horas. Na noite anterior haviam soado dois alarmas antiaéreo, mas não caíram bombas...
De repente levei uma pancada na cabeça e tudo escureceu a minha volta.Gritei e levantei os braços. Na escuridão só ouvia um barulho parecido com um uivo de uma grande tempestade. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Até o meu grito parecia ter vindo de outra pessoa.

Quando em meu redor as coisas ficaram novamente visíveis, embora não muito claras a principio, tive a sensação de estar no meio de uma grande catástrofe. Entre as densas nuvens de pó apareceu um pedaço de céu azul, logo seguido de outros.
Pequenas chamas começaram a sai do edifício ao lado, um depósito de produtos farmacêuticos.Já era tempo de sair de onde eu estava junto com K., consegui atravessar os escombros.

Nuvens de fumaça subiam em turbilhão das ruínas das casas.Chegamos a um lugar onde o calor das chamas era insuportável, mas encontramos outra rua que levava a ponte de Sakai: O número de refugiados que afluía para este lugar aumentava a todo instante. Fui andando na direção do palácio Izumi. A vegetação pisoteada pelos que fugiam tinha formado uma espécie de passarela.Quase todas as árvores tinham sido decapitadas.

A principio cada um pensava que só a sua casa tinha sido atingida, mas quando saía via que tudo tinha sido destruído. E o mais estranho era que, apesar de todos os edifícios estarem arrasados, não se via nenhuma cratera que as bombas geralmente formam. No outro lado do rio, incêndios que pareciam estar apagando recrudesciam com maior violência.

De repente no céu,acima do rio, via uma massa de ar de incrível transparência deslocando-se contra a corrente. Mal tive tempo de gritar ´um furacão´ , e um vento terrível nos atingiu. Arvores e arbustos tremiam violentamente; alguns eram arrancados pela raiz a atirados ao ar , de onde caiam como flechas no medonho caos que se formara. Tinha-se a impressão de que o reflexo verde de um inferno horrível estava sendo projetado sobre a Terra.

Após a passagem do furacão uma espécie de crepúsculo escureceu o céu. Foi ai que encontrei meu irmão mais velho. Seu rosto parecia coberto por uma fina camada de tinta cinzenta. As costas de sua camisa estavam em tiras, expondo um enorme ferimento parecido com queimadura do Sol.

Enquanto procurávamos um barco ao longo do estreito cais, vi muitas pessoas completamente desfiguradas.Estavam por toda parte na beira do rio ,suas sombras refletidas na água. Seus rostos estavam tão entumecidos que era difícil distinguir homem de mulher. Os olhos eram meras fendas eo lábios estavam monstruosamente feridos. Estavam quase agonizantes e seus corpos em chagas e desnudos.Quando passávamos perto deles, alguns nos pediam com voz fraca quase inaudível : Um pouco d’água! ou ´Por favor me ajude!

Um grito lancinante me fez parar.Dentro do rio, perto da margem ,estava o cadáver nu de uma jovem ,e perto dele duas mulheres encolhidas num degrau. As cabeças delas pareciam aumentadas na metade do tamanho normal, e suas feições estavam horrivelmente deformadas. Pelo comprimento dos cabelos meio queimados, percebi que eram mulheres.

Por fim encontramos um barco e remamos para a outra margem. Estava quase escuro quando chegamos lá . Deste lado também havia muitos feridos. Um soldado agachados à beira do rio me pediu um pouco de água quente e, apoiando-se em meu ombro, caminhou penosamente pela areia.´Seria, melhor ter morrido”, disse de repente. Concordei intimamente, e naquele momento, sem que tivéssemos trocado uma só palavra, percebi que nós dois sentíamos a mesma raiva incontrolável diante da insensatez de tudo que víamos.
Sentado numa mesa, um homem com a cabeça enorme e queimada. Bebia água quente numa xícara de chá. Seu rosto parecia feiro de grãos de soja pretos. Seus cabelos tinham sido cortados horizontalmente na altura das orelhas.Mais tarde, ao tanto ver vitimas de queimadura com o cabelo assim, acabei por compreender que todos tinham a cabeleira queimada abaixo da aba do chapéu.

Quando caiu a noite, a cena ficou ainda mais aterradora. Gritos vinham de todos os lados: ´Água ! Água!´. De repente soou um alarma antiaéreo. Havia uma sirene intacta em algum lugar.Seu gemido varou a noite. Rio abaixo, o tremeluzir das chamas mostrava os focos de incêndio.

No quarteirão do templo inúmeras pessoas gravemente feridas se espalhavam pelo chão. Não havia sequer uma árvore ou uma barraca para abriga-las. Fizemos uma cobertura para nós, escorando algumas tábuas numa parede e ali nos abrigamos. Durante 24 horas eu e mais cinco pessoas noa amontoamos nesse pequeno espaço. A dois metros havia uma cerejeira ainda com umas poucas folhas. Sob ela estavam caídas duas meninas com uniforme escolar. Seus rostos estavam queimados e enegrecidos, e as costas magras expostas ao Sol. Elas imploravam água. Tinham chegado a Hiroxima no dia anterior para ajudar na colheita e caíram vítimas desta terrivel calamidade. O sol estava se pondo...
Antes mesmo do amanhecer ouvíamos a nossa volta o murmúrio de preces; morria gente sem parar .As duas meninas morreram assim que o sol raiou.

Pelo meio dia o alarma soou de novo. Ouvia-se um zumbido no céu (5). Morria gente a todo instante e ninguém vinha recolher os corpos. Desorientados e perplexos, os vivos vagueavam entre os mortos. Já podíamos ver as ruínas das ruas principais. Um espaço vazio cinzento se estendia sob um céu de chumbo. Somente as ruas, pontes e os braços do rio eram ainda reconhecíveis. Em meio a tudo isso, corpos hediondamente inchados e mutilados. O inferno tinha se tornado realidade.

Tudo que era humano tinha sido suprimido. Os rostos dos mortos eram todos iguais, como se usassem uma mesma máscara. A dor fazia os membros dos agonizantes se agitarem em contrações curiosamente ritmadas até que paravam de vez. Quilômetros de fios e incontáveis fragmentos de postes que os sustentavam espalhavam-se pelo chão, retorcidos e emaranhados. Ver um bonde de rodas para cima e todo queimado ou um cavalo morto grotescamente inchado dava-nos a impressão de estar no meio de um quadro surrealista.

Atravessamos uma extensão de ruínas que parecia não ter fim. O cinturão de casas arrasadas ia até os subúrbios. Só depois de Kusatsu foi que encontramos campos verdes e não devastados. A visão de libélulas em vôo gracioso comoveu-nos profundamente. Enveredamos então pela longa e monótona estrada para a aldeia de Yawata, onde chegamos a noite. De manhã tivemos que enfrentar novamente a dura realidade. Os feridos não estavam melhorando e os que nada haviam sofrido enfraqueciam dia a dia pela falta de comida.

Dias depois chegou um menino. Era meu sobrinho, que depois morreu em conseqüência dos ferimentos recebidos. Ele estava na escola quando a bomba explodiu, e na hora em que o clarão ofuscante iluminou a sala ele se atirou embaixo da carteira. teto ruiu e soterrou-o ,mas ele conseguiu sair por um buraco em companhia de alguns colegas. A maioria das crianças morreu instantaneamente.

Meu sobrinho fugiu para o monte Hiji com os amigos. Enquanto subia o monte ele vomitava um liquido branco. Uma semana depois de sua chegada à aldeia o cabelo começou a cair, e em dois dias ele estava completamente calvo. Já corriam boatos de que ninguém que perdesse os cabelos e sangrasse pelo nariz conseguiria sobreviver. Mas meu sobrinho conseguiu sobreviver por muito tempo apesar da gravidade de seu estado...

Ao anoitecer atravessei a ponte e me dirigi através do campo para a olaria que existe as margens do Yawata. Uma libélula preta secava as asas numa rocha. Banhei-me no rio aspirando profundamente. Olhando ao longe eu via o sopé da montanha escurecido pelo crepúsculo enquanto os cumes distantes ainda faiscavam ao Sol poente. Poderia ser uma paisagem de sonho. Acima de mim o céu era de um silencio absoluto. Tive a impressão de só haver chegado ao mundo após a explosão da bomba atômica.
 
  
Imagens:


Monumento a Tamiki Hara.

Link recomendado:
Wikipédia (em inglês): http://en.wikipedia.org/wiki/Tamiki_Hara

Lobo da Costa

 Candelabro aceso para Francisco Lobo da Costa 
(1853 - 1888)



Jornalista, poeta e escritor brasileiro. Nasceu a 12 de julho de 1853, em Pelotas, Rio Grande do Sul. Morreu a 19 de junho de 1888, na mesma cidade. Filho de humilde família gaúcha, ficou órfão na infância, tendo de começar a trabalhar logo cedo. Aos catorze anos, foi escrevente de cartório e depois telegrafista no posto de correios local. Escreveu seus primeiros versos aos doze anos e, aos dezesseis, iniciou-se no jornalismo, publicando o primeiro livro: Espinhos d'alma (romance, 1872). Na imprensa, atuou e colaborou nos seguintes jornais: Ecos do sul; Castália; Trovador; Lanterna; Diário de Pelotas; Investigador; Gazeta Mercantil; 11 de Julho; Tribuna e Fronteira.

Em 1874 mudou-se para São Paulo pensando ingressar na Faculdade de Direito, o que não conseguiu, mas publicou seus Lucubrações (1874), único livro de poesia editado em vida.

Mudou-se para Florianópolis (SC) onde serviu como oficial de gabinete do governo, porém, em 1876 estava de volta a Pelotas, fundando jornais de vida curta. Ali, apaixonou-se por uma jovem da burguesia pelotense (Saturnina Elvira), mas por imposição da família dela, ambos foram impedidos de se ver. Magoado e humilhado, começou a beber e dedicar-se exclusivamente à poesia, viajar e a colaborar com pequenos e escandalosos jornais do interior. 

Em total desregramento e com o alcoolismo exacerbado, retornou a Pelotas, sendo recolhido à Santa Casa. Contudo, certa noite, burlou a vigilância dos enfermeiros e fugiu, embrenhando-se nos bares para se embriagar e se suicidar, atirando-se num fosso. A Wikipédia, no entanto, diz o seguinte sobre sua decadência e morte: "Em 1885, é internado pela primeira vez e, a partir daí, sua vida se divide entre hospitais e bares. No dia 18 de junho de 1888, deixa sem autorização a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas e se dirige a uma região de bares chamada de Santa Cruz. No fim da tarde de inverno, é visto em tal região bebendo. É encontrado morto na manhã seguinte por um carroceiro, estando nu, caído numa vala tomada pelas águas da chuva. Ladrões haviam roubado seus pertences e suas roupas. Faleceu aos trinta e quatro anos."

Na cronologia de "Obra Poética: Lobo da Costa" nós encontramos o que se segue:

"1887 - Hospitalizado várias vezes, preocupa a sociedade que, consternada, mobiliza-se para auxiliá-lo, o Grêmio dos Lunáticos, uma associação de jovens intelectuais, elabora o opúsculo Charitas, cuja venda reverte em benefício do poeta. Mesmo no hospital ainda faz versos e recebe os amigos que vêm prestar homenagem ao mais popular dos poetas do Rio Grande.

 1888 - Permanece no hospital, desde o fim do ano anterior, sem interromper sua produção literária. A 18 de junho, Lobo da Costa sai do hospital sem destino certo. Procuram-no, mas não o encontram. É uma noite fria e chuvosa de inverno. Na manhã seguinte foi encontrado morto, ao relento, na Rua Santa Cruz, hoje Lobo da Costa. Sua morte noticiada em vários jornais repercute em toda a Província. Neste mesmo ano sai a primeira edição de Auras do Sul, compilada por Francisco de Paula Pires que reuniu e publicou grande parte de sua extensa obra, disseminada nos jornais e revistas da época."


Postumamente surgiram as obras:

- Auras do Sul  (1888)
- O Filho das Ondas  (s/d)
- Flores do Campo  (1905)
- Dispersas  (1910)
- As Melhores Poesias  (1927)

Em 2010 foi encontrado um manuscrito de sua peça em três atos "27 de Janeiro ou os Blancos em Jaguarão" (comédia). 


Algumas poesias:

Adeus
À sombra do Salgueiro
(Fragmentos)
Adeus! eu vou partir.  Por que soluças?  
Não brilha o pranto, a dor, à luz da festa, 
Nem a rosa, por pálida e modesta, 
Deve pender a fronte ainda em botão... 
Que eu te diga este adeus — manda o destino! 
Eu sou náufrago vil, sem norte ou guia, 
Açoitado por ventos de agonia
Nas cavernas fatais do coração.


Chorarás no momento em que eu te deixe,
Ou, quando perto eu for da tua herdade,
Passarás uma noite com saudade;
Mas a aurora trará mimos a flux...
E desperta de um sonho que te aflige,
Os passos sulcarás d'almo folguedo,
Esquecida daquele que tão cedo,
Sem amparo caiu vergado à cruz.


Trará o esquecimento alívio às dores;
Muitos dias talvez virão por este,
E das bagas do pranto que verteste
Brotarão os jasmins de um novo amor...
Cantarão no teu lar os passarinhos,
Muitas flores virão com a primavera,
E de mim ficará de uma outra era
Agudo espinho de saudosa dor.

Bem sei... há de custar-te a minha ausência,
Enquanto a ela tu não te acostumas.
Mas, ah! que nunca choram as espumas,
Quando soltas das vagas vão além!
É fatal, bem eu sinto, este momento!
Lisonjeia-me a dor do que não valho...
Olha: o manso gatinho no borralho,
Parece que a me olhar chora também.

Teu cãozinho de neve que tu amas,
No latido gentil, como que implora
Que eu não faça chorar sua senhora,
Ou pedindo-me em prantos, que eu não vá...
Mas quem sabe, se um dia, quando os tempos
De novo me trouxerem a estas plagas,
Não serás, ó cãozinho que me afagas,
O primeiro que então me morderá!

De lágrimas se funde o esquecimento
Com que algema o sentido mais dileto,
Não há, por mais gentil que seja o afeto,
Quem se possa eximir àquela essência.
É gelo que entibia as flores da alma, 
É fogo que consome alto destino.
E já vês, ó meu anjo peregrino,
Que não deves chorar a minha ausência.

Irei por sobre as ondas desfolhando
As flores da saudade, uma por uma;
Como elas, que fogem sobre a espuma,
Quem me diz onde irei? onde pairar?
E tu ficas à sombra de teus lares,
Sorrindo de ventura, anjo celeste,
E eu, quem sabe! se à sombra de um cipreste
Num profundo dormir — sem despertar

O tempo que corrói a pedra bruta,
Também destrói os frutos da memória.
Mal fora se, na vida transitória,
Não sucedesse ao golpe a cicatriz.
— Tudo arrasta da vida a vaga irosa,
O Sol que amanheceu baixa ao poente...
Só há uma saudade permanente,
— A saudade da mãe e a do infeliz.

Nunca viste a donzela lacrimosa
Curvada no ladrilho mortuário,
Beijando o esquife negro e solitário
Em que dorme o despojo maternal?
E dois anos após... nem tanto ainda!
Da festa no esplendor vir, orgulhosa,
Passando muitas vezes junto à lousa,
Sem lembrar-se do anjo do casal?

Já viste a triste mãe que um berço embala, 
Velando uma criança adormecida,
Consagrando-lhe esperança, amor e vida, 
Capaz de se finar se ela morrer;
E após, se a idade veste-a de esplendores,
Tornar-se seu algoz, ser seu patíbulo,
E ir vendê-la nas portas do prostíbulo,
Como rês inocente — a quem mais der?!
Nunca viste o mendigo esfarrapado
Beijar a mão bondosa que o ampara,
E depois, se a fortuna se lhe aclara,
Como Pedro negar ao próprio Cristo?
Nunca viste o impudor — calcando o pejo,
A dor desafiando — gargalhadas,
Em troca de carícias — punhaladas!
Nunca viste?  Pois eu já tenho visto.
Só guarda uma saudade quem por fado
Teve a dor do proscrito, a do abandono.
Assim, se eu não morrer, se o eterno sono
Não for além dormir, pomba adorada,
Lembrarei teus encantos e meiguices,
Chorarei de saudade — embora rias,
Cobrindo com meu manto de agonias
Os espinhos da cruz que me foi dada.
E se um dia nas praias do futuro
Rolar o meu cadáver de descrente,
Sepulta-o junto à margem onde a corrente
Só muda quando em fluxo recresce...
Onde os salgueiros têm as mesmas folhas
E é sempre a mesma viração sombria,
Onde só muda o Sol quando anoitece.
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                              MINHA TERRA

                              Lá, na minha terra, quando
                              O luar banha o potreiro,
                              Passa cantando o tropeiro,
                              Cantando, sempre cantando;
                              Depois, avista-se o bando
                              Do gado que muge, adiante;
                              E um cão ladra bem distante,
                              Lá, bem distante, na serra;
                              Nunca foste à minha terra?!

                              Enfrena, pois, teu cavalo,
                              Ferra a espora, alça o chicote
                              E caminha a trote, a trote,
                              Se não quiseres cansá-lo.
                              Ainda não canta o galo,
                              É tempo de viajares.
                              Deixarás estes lugares,
                              Iras vendo novas cenas
                              Sempre amenas, muito amenas.

                             O laranjal reverdece,
                             E ao disco argênteo da lua,
                             Logo os olhos te aparece
                            A estrela deserta e nua.
                            ………………………………………………

Na Cela

Talvez tu leias meus versos
Ao longe, onde quer que estejas
E neles de manso vejas
Uns traços de quem chorou
Como do fúnebre arbusto
No triste e medroso galho
Treme uma gota de orvalho
Depois que a noite passou
Talvez tu leias e saibas
Do meu infortúnio a mágoa
E os olhos bem rasos d’água
Te fiquem por compaixão
E procures no silêncio
Da tua tristonha herdade
Abafar uma saudade
Que nasce do coração!
Mas, se soubesse que a parca
Roçou-me a fronte já fria
Uma lágrima sombria
Deixa dos olhos rolar
Mas não fales – não blasfemes
Contra os rigores da sorte
Pois bem sabes só a morte
Nos podia separar.

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Serenata

Acorda... escuta: os passarinhos cantam...
Olha: lá surge no deserto a luz;
É o sol vermelho que fugiu do leito,
Banhando a fronte nos regatos nus.

Ouve... Não ouves!... o tropeiro fala
Treme a viola na canção gentil,
E as borboletas despertando fogem
Dos seios frescos das cecéns de abril.

Não durmas... Olha como o mar palpita,
E a branca espuma silenciosa vai!
– A espuma é o anjo que dormiu na rede
E o mar o acorda murmurando: Amai!

Amor! a onda que descai serena...
Amor! as notas da cantiga vâ!
Amor! a infância, – as orações do berço...
Amor! o sono da gentil irmã.

Eia... desperta! Quanta luz se espalha!...
a aurora volta recamando o céu...
Serás a rosa ao suspirar das brisas;
Acorda... escuta... vem ouvir, – sou eu!...

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Epitáfio

No túmulo de D. Carolina Roxo

Dorme aqui na sombria soledade,
Quem viveu, sem viver, a flor mais bela!...
- Vós que passais, deixai uma saudade!...
Auras da noite - suspirai por ela!

___

Obra Poética:



Galeria de fotos:



Busto em homenagem ao poeta.

(imagem do manuscrito encontrado de sua comédia em três atos)

(arte de Bruno Campelos)

Links Recomendados.

Trung Trac & Trung Nhi

Candelabro aceso para as irmãs Trung (século I d.C.)



Revolucionárias e heroínas vietnamitas. Aturam por volta de 39 a 43 d.C., quando então morreram. Pertencentes à nobreza norte-vietnamita, encabeçaram grande rebelião contra o domínio chinês da dinastia Han e, por curto período de tempo, ali estabeleceram um estado verdadeiramente autônomo.

Sua determinação e liderança tornaram-nas lendárias e são citadas por estudiosos como testemunho da posição de respeito e liberdades das mulheres na antiga sociedade vietnamita.

Trung Trac, a irmã mais velha, era viúva de Thi Sach, lorde de Chau Dien, no norte do Vietnã, assassinado por um general chinês por conspirar com outros lordes para derrubar a tirania da China sobre seu país. Em 39 d.C., assumindo então a liderança do movimento, Trung Trac, sua irmã Trung Nhi e outros membros da aristocracia marcharam para Lien Lau, forçando o comandante chinês a fugir.

Decorrido um ano, elas e seus aliados já dominavam 65 cidadelas do norte e em Me Linh, no delta do rio Vermelho. Então se autoproclamaram rainhas de um estado independente que se estendia do sul da China até o local atual de Hue.

Porém, sem apoio dos camponeses, nem suprimentos e com soldados inabilitados, as corajosas irmãs não eram adversárias para as experientes tropas chinesas do General Ma Yüan (Ma Vien) que as derrotou, primeiro em Lang Bac, perto da atual Hanói. Partiram com sua legião e se retiraram para Hat Mon, agora Son Tary, onde foram abatidas decisivamente.

Após quatro anos de lutas, humilhadas incapazes de encarar o fracasso, ambas cometeram suicídio, afogando-se na junção dos rios Vermelho e Day.

Cultuadas, em sua homenagem elevou-se em Hanói o pagode Hai Ba (duas irmãs) e uma avenida no centro da cidade Ho Chi Minh (anteriormente Saigon) leva seus nomes.

Salvador Allende

Candelabro aceso para Salvador Allende Gossens (1908 - 1973)


Médico, político e estadista chileno. Nasceu a 26 de julho de 1908, em Valparaíso. Morreu a 11 de setembro de 1973, em Santiago. Estudou Medicina na Universidade do Chile (1926), inciando ali sua militância política.

Em 1931, uniu-se às manifestações contra Carlos Ibáñez (1877 - 1960) e, em 1936, elegeu-se presidente da Frente Popular, de Valparaíso.

Socialista, concorreu nas eleições elegendo-se deputado (1937) por Valparaíso e Quillota; foi ministro da Saúde (1939-42); em 1942, secretário-geral do Partido Socialista Chileno e em 1945 elegeu-se senador por quatro províncias, onde ficou ativo por 25 anos. Neste período, foi candidato por três vezes à presidência do Chile, 1952, 1958 e 1964.

Ainda pela Frente Popular, elegeu-se em 1970 como único e primeiro presidente marxista eleito da América Latina, liderando um governo agitado por estatizações e pressões norte-americanas. Contudo, foi derrubado por golpe militar liderado pelo comandante do exército nomeado há poucas semanas, general Augusto Pinochet Ugarte, em 11 de setembro de 1973.

De terno, gravata, capacete na cabeça e metralhadora nas mãos, comandou pessoalmente a resistência ao golpe. Porém, acuado no Palácio de La Moneda, em Santiago, então cercado por tropas, tanques e violento bombardeio aéreo rebelde, suicidou-se com um tiro na cabeça.

Em 23 de Maio de 2011, os seus restos mortais foram exumados para determinar de vez a causa de sua morte, que apesar de ter ficado na história como suicídio, ainda havia quem questionasse esta versão. A perícia confirmou, contudo, que sua morte foi mesmo ocasionada por "ferimento de projétil", e de "forma correspondente a suicídio".

Algumas fotos de Salvador Allende:


À esquerda a primeira-dama Hortência Soto Bussi, e a seu lado a sua excelência o presidente Salvador Allende, no dia de começar o mandado, em 4 de Outubro de 1970.





Fidel e Allende. 

Jovem com quadro do ex-presidente. 

Estátua em memória do presidente chileno. 







Peritos exumam seus restos para análise. 

Monumento a Allende em San Joaquín. 

Allende após seu suicídio.


Links recomendados:

Charles Blount

Candelabro aceso para Charles Blount 
(1654 - 1693).

(Provável imagem de Blount)

Deísta e livre-pensador inglês. Nasceu em Londres em 1654. Morreu na mesma cidade em 1693. A partir de 1674 suscitou inúmeras polêmicas e controvérsias angariando uma legião de inimigos vida afora. Ainda que sofrendo violentos ataques do clero e da população local, publicou livros abordando o deísmo como sua filosofia, em que combatia o que se chamava de "religiões reveladas".

Suas obras compreendem: Anima Mundi (1679); Vida de Apolônio de Tiana (1680); Origem da idolatria (1680); Religio laici (1683); Janua scientiarum (1684); Os oráculos da razão (1693). Miscelâneas de Charles Blount aparece postumamente (1695).

Deprimido por problemas existenciais de fundo religioso e vendo-se perseguido por suas teses, suicidou-se por enforcamento.

(Edição atual de seu "Oráculos da razão")

Link recomendado:


Vladimir Maiakovski

Candelabro aceso para Vladimir Vladimirovich Maiakovski
(1893 - 1930)


Poeta, dramaturgo e revolucionário russo. Nasceu a 19 de julho de 1893, em Bagdadi, na Geórgia. Morreu a 4 de abril de 1930, em Moscou.

Filho de um nobre empobrecido que trabalhava como guarda-florestal, desde pequeno manifestara seu senso criativo. Aos quinze anos, uniu-se ao Partido Social-Democrata Russo dos Trabalhadores, sendo preso várias vezes por atividades subversivas. Começou a escrever poesia enquanto preso numa solitária, em 1909. Já solto, frequentou a Escola de Arte de Moscou, ligando-se a Vladimir e David Burlyuk e outros artistas do emergente grupo futurista russo, tornando-se logo seu principal porta-voz.

Em 1920, o grupo publicou o manifesto Poshchochina obshchestvennomuvkusu (Um tapa na cara do agosto popular) e sua poesia ficou cada vez mais assertiva e desafiante, tanto na forma quanto no conteúdo. Seu drama Vladimir Maiakovsky foi apresentado em São Petersburgo em 1913 e causou escândalo. 

Entre 1914 e 1916 completou duas poesias de maior importância, Oblako v shtanakh (1915) (Uma Nuvem de Calças) e Fleytapozvonochnik (1915, publicada em 1916) (A flauta de espinha).

Quando eclodiu a Revolução Russa (1917), estava apaixonadamente engajado aos bolcheviques e poesias como Oda revolutsi (1918) (Ode à revolução) e Levy March (1919) (A marcha esquerdista) tornaram-se muito populares, como também Misteriya-buff (Mistério Bufo), drama apresentado pela primeira vez em 1921, representando uma enchente universal e o subsequente triunfo dos "sujos" (proletariado) sobre os "limpos" (burguesia).

Vigoroso porta-voz do Partido Comunista, expressou-se de várias formas. De 1919 a 1921, trabalhou na Agência Telegráfica Russa como pintor de cartazes e cartoons, para os quais escrevia rimas, slogans inflamados e modernos. Escreveu torrentes de poesias panfletárias e criou textos didáticos para crianças enquanto palestrava e recitava por toda a nação.

Em 1924, compôs uma elegia de 3.000 linhas sobre a morte de Lenin. Depois de 1925, viajou pela Europa, Estados Unidos, México e Cuba, registrando suas impressões em poesias num livreto de histórias cáusticas: Moye otkrytie Ameriki (1926) (Minha descoberta da América). Escreveu roteiros para cinema e chegou a atuar em alguns filmes. Nos três últimos anos de vida completou duas peças satíricas: Klop (O percevejo-de-cama), encenada em 1929, criticando o tipo de filisteu que emergiu com a nova política econômica na União Soviética, e Banya (A Casa de Banho), apresentada em Leningrado a 30 de janeiro de 1930, paródia sobre a estupidez burocrática e o paranóico oportunismo do regime sob Joseph Stalin.

Saturada de significados sociais, porém, nem sua poesia ou toda a propaganda soviética podia abafar a sua necessidade emotiva pessoal, aparecida repetidas vezes e plenas de frustrações românticas. Isso parece com significância em duas poesias: Lyublyu (Eu amo) (1922) e Pro eto (Sobre isso) (1923). 

Durante estada em Paris (1928), apaixonou-se pela refugiada Tatiana Yakovleva, com quem queria casar, mas que o recusou. Na mesma época, teve desentendimentos com a dogmática Associação Russa de Escritores Proletários e autoridades soviéticas. 

Sua peça Banya também não fez sucesso. Desapontado no amor, cada vez mais alienado da realidade partido-partidária, e tendo um visto negado para viajar para ao exterior, passou a sofrer de terríveis crises de depressão, mas continuou sendo a figura mais dinâmica do cenário literário soviético. Suas invocações influenciaram vários poetas russos e estrangeiros, deixando forte marca, principalmente na década de 30, depois que Stalin declarou-o "o melhor e mais talentoso poeta de nossa época soviética".

Após concluir o poema "A plenos pulmões" e advertir a atual companheira, Nora, dos perigos de sua extrema depressão, suicidou-se na casa da praça Lubianka, em Moscou, dando um tiro no peito. Existe, porém, uma tese do jornalista russo Bronislav Gorb afirmando que Maiakovski teria sido morto a mando de Stalin.

De todo modo boa parte dos seus biógrafos concordam com a tese de suicídio. Em 2008 a Editora Record lançou a biografia "Maiakovski: o poeta da Revolução". Seu bilhete de despedida é o que segue abaixo:


"A todos
De minha morte não acusem ninguém, por favor, não façam fofocas. O defunto odiava isso.
Mãe, irmãs e companheiros, me desculpem, este não é o melhor método (não recomendo a ninguém), mas não tenho saída.
Lília, ame-me.
Ao governo: minha família são Lília Brik, minha mãe, minhas irmãs e Verônica Vitoldovna Polonskaia.
Caso torne a vida delas suportável, obrigado.
Os poemas inacabados entreguem aos Brik, eles saberão o que fazer.
'Como dizem:
caso encerrado,
O barco do amor
espatifou-se na rotina.
Acertei as contas com a vida
inútil a lista
de dores,
desgraças
e mágoas mútuas.'
Felicidade para quem fica.

Vladímir Maiakóvski


Algumas de suas poesias:


Hino ao crítico

Da paixão de um cocheiro e de uma lavadeira
Tagarela, nasceu um rebento raquítico.
Filho não é bagulho, não se atira na lixeira.
A mãe chorou e o batizou: crítico.
O pai, recordando sua progenitura,
Vivia a contestar os maternais direitos.
Com tais boas maneiras e tal compostura
Defendia o menino do pendor à sarjeta.
Assim como o vigia cantava a cozinheira,
A mãe cantava, a lavar calça e calção.
Dela o garoto herdou o cheiro de sujeira
E a arte de penetrar fácil e sem sabão.
Quando cresceu, do tamanho de um bastão,
Sardas na cara como um prato de cogumelos,
Lançaram-no , com um leve golpe de joelho,
À rua, para tornar-se um cidadão.
Será preciso muito para ele sair da fralda?
Um pedaço de pano, calças e um embornal.
Com o nariz grácil com um vintém por lauda
Ele cheirou o céu afável do jornal.
E em certa propriedade um certo magnata
Ouviu uma batida suavíssima na aldrava,
E logo o crítico, da teta das palavras
ordenhou as calças, o pão e uma gravata.
Já vestido e calçado, é fácil fazer pouco
Dos jogos rebuscados dos jovens que pesquisam,
E pensar: quanto a estes, ao menos, é preciso
Mordiscar-lhe de leve os tornozelos loucos.
Mas se se infiltra na rede jornalística
Algo sobre a grandeza de Púchkin ou Dante,
Parece que apodrece ante a nossa vista
Um enorme lacaio, balofo e bajulante.
Quando, por fim, no jubileu do centenário,
Acordares em meio ao fumo funerário,
Verás brilhar na cigarreira-souvenir o
Seu nome em caixa alta, mais alvo do que um lírio.
Escritores, há muitos. Juntem um milhar.
E ergamos em Nice um asilo para os críticos.
Vocês pensam que é mole viver a enxaguar
A nossa roupa brancos nos artigos?

(poema de 1915)
Tradução de Augusto de Campos e Boris Schnaiderman.


___


A plenos pulmões

Primeira introdução ao Poema

Caros
camaradas
futuros!
Revolvendo
a merca fóssil
de agora,
perscrutando
estes dias escuros,
talvez
perguntareis
por mim. Ora,
começará
vosso homem de ciência,
afogando os porquês
num banho de sabença,
conta-se
que outrora
um férvido cantor
a água sem fervura
combateu com fervor. (1)
Professor,
jogue fora
as lentes-bicicleta!
A mim cabe falar
de mim
de minha era.
Eu — incinerador,
eu — sanitarista,
a revolução
me convoca e me alista.
Troco pelo "front"
a horticultura airosa
da poesia —
fêmea caprichosa.
Ela ajardina o jardim
virgem
vargem
sombra
alfrombra.
"É assim o jardim de jasmim,
o jardim de jasmim do alfenim".
Este verte versos feito regador,
aquele os baba,
boca em babador, —
bonifrates encapelados,
descabelados vates —
entendê-los,
ao diabo!,
quem há-de...
Quarentena é inútil contra eles —
mandolinam por detrás das paredes:
"Ta-ran-ten-n-n..."
Triste honra,
se de tais rosas
minha estátua se erigisse:
na praça
escarra a tuberculose;
putas e rufiões
numa ronda de sífilis.
Também a mim
a propaganda
cansa,
é tão fácil
alinhavar
romanças, —
Mas eu
me dominava
entretanto
e pisava
a garganta do meu canto.
Escutai,
camaradas futuros,
o agitador,
o cáustico caudilho,
o extintor
dos melífluos enxurros:
por cima
dos opúsculos líricos,
eu vos falo
como um vivo aos vivos.
Chego a vós,
à Comuna distante,
não como Iessiênin,
guitarriarcaico.
Mas através
dos séculos em arco
sobre os poetas
e sobre os governantes.
Meu verso chegará,
não como a seta
lírico-amável,
que persegue a caça.
Nem como
ao numismata
a moeda gasta,
nem como a luz
das estrelas decrépitas.
Meu verso
com labor
rompe a mole dos anos,
e assoma
a olho nu,
palpável,
bruto,
como a nossos dias
chega o aqueduto
levantado
por escravos romanos.
No túmulo dos livros,
versos como ossos,
Se estas estrofes de aço
Acaso descobrirdes,
vós as respeitareis,
como quem vê destroços
de um arsenal antigo,
mas terrível.
Ao ouvido
não diz
blandícias
minha voz;
lóbulos de donzelas
de cachos e bandos
não faço enrubescer
com lascivos rondós.
Desdobro minhas páginas
— tropas em parada,
E passo em revista
o "front" das palavras.
Estrofes estacam
chumbo-severas,
Prontas para o triunfo
ou para a morte.
Poemas-canhões,
rígida coorte,
apontando
as maiúsculas
abertas.
Ei-la,
a cavalaria do sarcasmo,
minha arma favorita,
alerta para a luta.
Rimas em riste,
sofreando o entusiasmo,
eriça
suas lanças agudas.
E todo
este exército aguerrido,
vinte anos de combates,
não batido,
eu vos dôo,
proletários do planeta,
cada folha
até a última letra.
O inimigo
da colossal
classe obreira,
é também
meu inimigo figadal.
Anos
de servidão e de miséria
comandavam
nossa bandeira vermelha.
Nós abríamos Marx
volume após volume,
janelas
de nossa casa
abertas amplamente,
mas ainda sem ler
saberíamos o rumo!
onde combater,
de que lado,
em que frente.
Dialética, não aprendemos com Hegel. Invadiu-nos os versos
Ao fragor das batalhas,
Quando,
sob o nosso projétil,
debandava o burguês
que antes nos debandara.
Que essa viúva desolada,
— glória —
se arraste
após os gênios,
merencória.
Morre,
meu verso,
como um soldado
anônimo
na lufada do assalto.
Cuspo
Sobre o bronze pesadíssimo,
cuspo
sobre o mármore, viscoso.
Partilhemos a glória, —
entre nós todos, —
o comum monumento:
o socialismo,
forjado
na refrega
e no fogo.
Vindouros,
Varejai vossos léxicos:
do Letes
brotam letras como lixo —
"tuberculose",
"bloqueio",
"meretrício".
Por vós, geração de saudáveis, —
um poeta,
com a língua dos cartazes,
lambeu
os escarros da tísis.
A cauda dos anos
faz-me agora
um monstro,
fossilcoleante.
Camarada vida,
vamos,
para diante,
galopemos
pelo qüinqüênio afora. (2)
Os versos
para mim
não deram rublos,
nem mobílias
de madeiras caras.
Uma camisa
Lavada e clara,
e basta, —
para mim é tudo.
Ao
Comitê Central
do futuro
ofuscante,
sobre a malta
dos vates
velhacos e falsários,
apresento
em lugar
do registro partidário
todos
os cem tomos
dos meus livros militantes.

[Dezembro, 1929/janeiro, 1930]

Vídeo:

Matéria em programa de TV sobre o poeta. (em inglês)

Galeria de fotos:

Coleção "Caderno Entrelivros Literatura Russa". Pela editora Duetto.
Excelente introdução ao poeta e recomendações de leituras.

Imagem interna da revista. 



Busto do túmulo de Maiakóvski.

 Lilia Brik e Maiakóvski.

Seu túmulo. 




Bóris Pasternak (segundo a esquerda), Eisenstein (terceiro a esquerda), Lilya Brik e Maiakovski.




Funeral de Maiakovski, da esquerda pra direita: M. Faizinberg, V. Kataev, M. Bulgakov, Y. Olesha e Y. Utkin.







Monumento ao grande Maiakovski.

Foto do poeta após cometer suicídio.


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