Juan Andralis

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(1927 - 1995).


Artista plástico e gráfico greco-argentino de tendências surrealistas. Logo na juventude, ligou-se a artistas argentinos filiados à corrente surreal: Raul Alzemberg, Enrique Molina e Julio Silva. Para sobreviver, iniciou-se nas artes gráficas e, além de seu trabalho pessoal de artista, adquiriu uma pequena gráfica, imprimindo à sua obra um especial toque artístico que logo se tornou famoso. Em 1951, foi a Paris, contando com o grupo francês, e lá permaneceu até 1955/56.

Regressando à Argentina, trabalhou e expôs com Juan Batlle Planas (1911 - 1966) exibindo seu trabalho intitulado Radiografias Paranóicas. Com a morte de Planas, trabalhou e expôs com Aldo Pelegrini (1903 - 1973), então o maior nome portenho ligado àquela escola.

Em 1970, adquiriu outra grande gráfica e seu nome ganhou dimensões nacionais, tornando-se um dos maiores representantes argentinos das correntes ligadas ao realismo fantástico. 

Apesar da fama e renome e sem que se soubesse os motivos, no inverno de 1995, suicidou-se inalando gás de cozinha. 


Fotos:
Juan Esteban Fassio, Mario Pellegrini e Juan Andralis.

Grupo surrealista em 1953. Juan Andralis à esquerda, em pé. 

O grupo surrealista no café "Place Blanche".
Juan Andralis em pé, à esquerda.

 Juan Andralis, Roberto Aizemberg e Martha Peluffo durante a década de 60.

Biografia de Andalis pela TPG Editiones.

Sobre a biografia, no blog fabioares: 

Acabei de ler este maravilhoso livro editado por Edições TPG e construído por diferentes pessoas próximas a sua figura. Para os designers, John Andralis é conhecido por seu trabalho com Fontana e Distéfano no Instituto Di Tella. Neste trabalho eu descobri um personagem fantástico, que trabalhou com o pintor Battle Planas, esfregou os ombros com os grandes nomes do surrealismo durante sua década em Paris (ali conheceu Breton, Artaud, Man Ray, Ernst), trabalhou no estudo de Cassandre, e  em Buenos Aires, longe da plástica serve na Di Tella. Mais tarde, ele abriu a pequena tipografia de impressão, A Archibrazo, na rua Mario Bravo, onde mantém sua posição de rejeitar a impressão offset e os mais recentes avanços na impressão. Ele morreu em 1994 em um acidente doméstico (na verdade, suicidou-se).

O livro também é um bom projeto de Ruben Fontana e Jalluf Zalma. 320 páginas em duas cores em um papel de livro Witcel 90 grs. A fonte escolhida foi Andralis ND.

Dizem os autores, "Reconstruindo uma parte de sua memória significou muito mais do que reunir documentos, pinturas, gravuras e escritos, destinadas a chamar alguns de seus amigos, parentes, aqueles que, como esperado, não poderia pintar uma única impressão solene. Generosamente espalhados em pequenos fragmentos transmitidos uma possível mosaico final, isso é mais do que uma homenagem, um grande obrigado ao pensamento de Juan Andralis. Surreal, poeta, pintor, tradutor, desenhista, impressora, mas principalmente um educador cativante. "


Obra:
"Hierogamus", 1953.

Malcolm Lowry

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(1909 - 1957)



Poeta e romancista inglês. Nasceu a 28 de julho de 1909, em Birkenhead, Cheshire, Inglaterra. Morreu em 27 de junho de 1957, em Ripe, Sussex. 

Filho de próspero comerciante de algodão que lhe dava parca mesada, dos nove aos treze anos, até uma operação bem-sucedida, Lowry ficou praticamente cego devido a ulcerações na córnea. Foi educado na Escola Leys - próxima a Cambridge - e em rebelião contra a educação convencional burguesa pegou navio para a China como camaroteiro, antes de continuar a estudar. 

Já na Universidade de Cambridge, escreveu Ultramarine (1933), romance baseado em sua viagem intercontinental. Durante sua estadia na universidade o seu companheiro de quarto, Paul Frite, propôs um relacionamento homossexual a Lowry; este recusando levou Frite ao desespero, cometendo suicídio pouco depois. Este fato abalou Lowry para o resto de sua vida.

Após obter grau de bacharel em Cambridge, em 1932, viveu em Londres e depois em Paris, quando se casou com uma americana. Viajou sem ela aos EUA em 1935, migrando para Hollywood e reunindo-se à esposa antes de ir para Cuernacava, México, cenário de Under the Volcano (À Sombra do Vulcão). Ali, a técnica narrativa do livro, seus flashbacks, justaposições de pensamentos e imagens contrastantes devem muito ao cinema.

Voltando a Hollywood, conheceu Margerie Bonner, escritora que viria a se tornar sua segunda mulher. Mudaram-se para uma cabana primitiva em Dollarton, perto de Vancouver, onde reescreveu Under the Volcano para publicação, agora aceita. A obra foi recebida com elogio da crítica mas passou despercebida do público, assumindo status de clássico underground até que a reputação surgisse após sua morte.

O casal esteve no Canadá, indo para a Europa em 1954, onde moraram primeiro na Itália e depois na Inglaterra. Uma coletânea de contos, Hear Us O Lord From Heaven Thy Dwelling Place (Ouça-nos ó Deus do céu, de vossa morada), apareceu em 1961, e Poemas Selecionados no ano seguinte. Suas Cartas Selecionadas, editadas pela viúva e Harvey Breit, foram publicadas em 1965. Um romance não terminado, Dark as the Grave Wherein My Friend is Laid (Escuro como a cova onde meu amigo está enterrado) (1968), esclarece um pouco seus textos.

Mas ficou estigmatizado como novelista inglês, escritor de contos e poeta cuja obra prima é Under the Volcano, reeditada em 1962, e depois filmada em 1984 sob direção de John Huston (1906 - 1987), com Albert Finney (1936 - ), e Jacqueline Bisset (1944 -  ).

Alcoólatra compulsivo, suicidou-se com fortes doses de álcool e barbitúricos. Lowry morava em uma pensão com sua esposa e foi enterrado no cemitério St. John the Baptist. Supostamente deixou escreveu o seu próprio epitáfio: "Here lies Malcolm Lowry, late of the Bowery, whose prose was flowery, and often glowery. He lived nightly, and drank daily, and died playing the ukulele."

Fotos:
M. Lowry, Inglaterra, 1929.













Lápide do escritor. 

Obra:

Cartaz do filme baseado na obra "Under the Volcano".  

É possível assistir ao filme através do seguinte site:
http://www.saudadeeadeus.com.br/filme739.htm

Publicação da obra prima de Lowry em português.


Gregorio Selser

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(1922 - 1991).




Escritor e jornalista argentino. Nasceu em Buenos Aires a 2 de julho de 1922. Morreu na Cidade do México em 1991.

Filiado ao Partido Socialista, trabalhou alguns anos com o deputado Alfredo L. Palacios (1876 - 1966), com quem esteve exilado em Montevidéu (1944 - 45) durante a ditadura do general Julián Farrel (1895 - 1980) de quem Juan Domingo Perón (1895 - 1974) era vice.

Como estudante e em nome da Federação Universitária de Buenos Aires, promoveu debates com o vice-presidente norte-americano Richard Nixon (1913 - 1994) acerca das intervenções políticas de seu país na América Latina. Naquela mesma entidade, representou a classe estudantil politizada no II Congresso Latino-americano de Estudantes, acontecido em La Plata, em abril de 1957. Sobre o tema, publicou a obra Los Marines e depois, El ongoniato, criticando a comprometida ditadura do general Juan Carlos Onganía (de 1966 a 70). 

Especializou-se em ensaios de história e sociologia hispano-americana, tendo dirigido o semanário uruguaio Marcha e colaborando com outros jornais alternativos, como Capricórnio, Acción Socialista, Espiga e sobretudo Propósitos

Latino-americanista polêmico, foi autor de Sandino, general de hombres libres, biografia do general Augusto (Cesar) Sandino (1893 - 1934), que inspirou o movimento de esquerda que ocupou a Nicarágua, de 79 a 89.

Colaborador do jornal Prensa Latina, publicou Historia de los movimientos democráticos; Bolivia, el cuartelazo de los cocadolares (1982); Situación politica-social de América Latina e Las intervenciones estranjeras en América Latina (1994) surgiram postumamente em quatro volumes, assim como El rapto de Panama; El pequeño ejército loco.

De vida arriscada e misteriosa, suas últimas atividades como jornalista se deram em La Prensa, de Buenos Aires.

Acometido por uma doença mental, aos 69 anos, matou-se na Cidade do México, ingerindo uma overdose de barbitúricos. Porém, e bem a seu gosto, há versões de que tenha dado um tiro no peito.

Autor prolífico e corajoso, sua obra póstuma está sendo editada pela companheira, Martha Ventura.

Fotos:









Egon Friedell

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(1878 - 1938).

 


Crítico, ensaísta e escritor judeu austríaco. Nasceu a 21 de janeiro de 1878, em Viena. Morreu a 16 de março de 1938 na mesma cidade. 

Tido pela crítica atual como misto de jornalista, humorista, professor e ator, era filho de um próspero fabricante têxtil, e anteriormente chamou-se Friedmann.

Após várias tentativas de se aprovar no segundo grau, estudou letras germânicas, filosofia e ciências naturais em Heidelberg, onde se doutorou em 1904 apresentando a tese "Novalis como filósofo"

A partir de 1922, militou como ator extraordinariamente original e cínico nos teatros Reinhardt de Berlim e Viena. Ali também apresentou como diretor de teatro de variedades e autor espirituoso e mordaz, exibindo qualidades do humor judeu vienense, posturas também demonstradas nas funções de crítico teatral e editor cultural de vários jornais e folhetins da época.

Esparsa, sua obra principal parece ser Kulturgeschichte der Neuzeit (História cultural da era moderna), publicada em três tomos, sabendo desenvolver histórias sobre a História, mantendo assim sua atualidade  e sabor. Segundo dizia, a História deveria se transformar, de um conhecimento passado, numa análise do presente: "Tudo o que afirmamos do passado, o estamos afirmando de nós mesmos... ao mergulharmos no passado, descobrimos novas possibilidades do 'eu'".

Iniciou uma longa "História cultural da Antiguidade" e o primeiro volume sobre o "Egito e a Ásia Menor"veio a público em 1936. O segundo, sobre a Grécia, não chegou a ser editado por razões político-raciais existentes a partir da ascensão de Hitler. Em 1938 suas obras foram terminantemente proibidas pelo regime nacional-socialista, por não estar de acordo com a teoria da história promovida pelo NSDAP (Partido Nazista). Com o antissemitismo recrudescendo e homens e mulheres sendo espancados nas ruas, Friedell sabendo que poderia ser preso começou a contemplar com a ideia de suicídio. Chegou a escrever para seu amigo próximo Odon von Horváth em uma carta a 11 de março: "Eu estou sempre pronto para sair. Em todos os sentidos."

Em 16 de março de 1938, durante perseguições nazistas em seu bairro e quando os soldados da SA já subiam as escadas do seu apartamento para prendê-lo e deportá-lo para os campos de concentração, aos sessenta anos, preferiu o suicídio, berrando para os transeuntes que passavam na calçada: "Cuidado! Sai da frente!", e atirou-se da janela em seguida. 

Foi enterrado no cemitério Zentralfriedhof, em Viena.

Fotos:

 E. Friedell em Badehose (1930). 

Egon Friedell em Badehose (1930). 

Fotografia por volta de 1930. 

Selo em memória do escritor.




Egon atuando na Áustria por volta de 1938.

Egon Friedell, Else Eckersberg e Peter Stanchina no teatro de Viena em 1924.

Egon como "Demokos", 1935.

Casa dos Friedell de 1900-1938 em Gentzgasse 7, Währing, Viena.

Biografia de Egon Friedell.

  Túmulo.
Obras:


Absinto "Schönheit" (Peter Altenberg & Egon Friedell)

Das schwarze Buch (Peter Altenberg & Egon Friedell)

Der Petroleumkönig de 1908

Der Nutzwert des Dichters

Goethe, 1908

Ecce poeta, 1912

Von zu Dante d'Annunzio, 1915

Die Judastragödie de 1920

Steinbruch, 1922

Ist die Erde bewohnt, 1931

Kulturgeschichte der Neuzeit, 1927-1931

Kulturgeschichte Ägyptens und des Orienta Alten, 1936

Kulturgeschichte Griechenlands de 1940

Die Reise mit der Zeitmaschine, 1946

Kulturgeschichte des Altertums de 1949

Das Altertum nicht guerra antik de 1950

Kleine Porträtgalerie, 1953

Gênios Abschaffung Des. Ensaios bis 1918, 1984

Selbstanzeige. Ensaios ab 1918, 1985



 Link recomendado:

Eleanor Marx

Candelabro aceso para Jenny Julia Eleanor "Tussy" Marx
(1855 - 1898)



Eleanor Marx (também conhecida como Eleanor Aveling Marx) jornalista, escritora, tradutora, polemista, boêmia, socialista militante e filha favorita do pensador, economista e filósofo Karl Marx. Nasceu em Londres, a 16 de janeiro de 1855. Morreu a 31 de março de 1898, na mesma cidade. 

Das meninas sobreviventes entre os sete filhos - Jenny (1844 - 1883), Laura (1845 - 1911) e Eleanor - a mais nova era a predileta de Karl Heinrich Marx (1818 - 1883) que, de Bruxelas a Paris, mudaram-se para Londres em 1849.

Lá, longe das carências do passado, amparada pelas generosidades de Friedrich Engels (1820 - 1895), em meio a uma infância vitoriana feliz e com o apelido de Tussy, acompanhava a família a piqueniques em Hampstead Health e apresentações teatrais, em que interpretavam obras de Shakespeare. 

Mimada, viu a adolescência chegar cercada pela turbulência social que envolvia o trabalho do pai com a redação de O Capital (1867) e a ação doutrinária que dali se desenvolveria e da qual participava ativamente, seja na tradução de textos, seja na participação das polêmicas. 

Assim, ela sempre esteve profundamente envolvida com os debates que ocorriam na Londres literária das duas últimas décadas do século XIX. Como participante do círculo boêmio que se agregava em torno do British Museum, incluía entre seus amigos a romancista Olive Schreiner (1855 - 1920), a poeta e novelista Amy Levy (1861 - 1889), o sexólogo Havelock Ellis (1859 - 1939) e o crítico, dramaturgo e polemista George Bernard Shaw (1856 - 1950), que receberia o Prêmio Nobel de Literatura em 1925. 

Com vinte e poucos anos, sofria de anorexia, e como as irmãs houvessem mudado para a França, cuidava dos pais doentes e ainda atuava na imprensa, colaborando e escrevendo resenhas para jornais russos, alemães e ingleses. Realizava traduções (incluindo a primeira versão de Madame Bovary para o inglês) e acabou a redigir a primeira história do socialismo.

Com a morte do pai, coube-lhe a tarefa de pôr em ordem seus papéis, providenciar publicação e disseminar sua doutrina internacional, ensinando ainda muitos trabalhadores socialistas a ler e a escrever.

No ano seguinte ao desaparecimento de Marx, foi viver com Edward Bibbins Aveling (1851 - 1898), um homem de muitas facetas, mas quase todas fracassadas - dramaturgo, crítico, cientista -, que a ajudou nas traduções. E não demorou a perceber a superficialidade de sua natureza. Mas viveu com ele por quinze anos cheio de tumultos e brigas violentas, sobretudo devido a descoberta de Frederick (Freddy) Demuth, o suposto filho bastardo que Marx tivera com Helene Demuth (1820 - 1890), sua fiel empregada.

Com o companheiro, fundou a Liga Socialista em 1884 e vários sindicatos de trabalhadores ingleses. No verão de 1897, Edward a abandonou por uma atriz de 22 anos, com quem se casou. Mas a 31 de Março de 1898 foi à casa dela, em Sydenham, provavelmente tentando extorquir-lhe algum dinheiro com a história do "irmão secreto". Profundamente deprimida, assim que ele saiu, Eleonor foi para o quarto, pôs um vestido de noiva branco (outros dizem que desnudou-se) e se matou, engolindo uma dose letal de ácido prússico (ou cianídrico), deixando o seguinte bilhete ao ex-amante:

"Querido, logo terá tudo terminado. Minha última palavra
para você é a mesma que eu disse todos esses longos e tristes anos
- amor."


Em 5 de abril de 1898 uma multidão de enlutados compareceram ao seu funeral. Seu corpo em seguida foi cremado em Woking (Inglaterra). Uma urna com suas cinzas foi guardada e protegida por várias organizações socialistas até finalmente ser sepultada ao lado dos restos mortais de Karl Marx e outros membros da família no cemitério de Highgate, em Londres, em 1956. 

Treze anos depois de sua morte, em 26 de novembro de 1911, Laura Marx Lafargue, sua irmã mais velha (1845 - 1911), e o marido Paul Lafargue (1842 - 1911), se suicidaram de modo idêntico. 

Em 9 de setembro de 2008 uma placa azul em sua memória foi colocada na casa em Londres onde passou seus últimos dias. 

Fotos:

Pintura de admirador de Eleanor Marx. 

Edward Aveling, com quem Eleanor viveu por mais de quinze anos.  

Eleanor na infância.  


Uma de suas obras:
"O Movimento da Classe Trabalhadora na Inglaterra"



Wilhelm Liebknecht e Eleonor Marx.