Candelabro aceso para Attila József
(1905 - 1937)
Poeta húngaro filho de mãe lavadeira e de pai proletário da indústria de sabões. Nasceu a 11 de abril de 1905, em Budapeste, Hungria. Morreu a 3 de dezembro de 1937, em Balatonszárszó. Publica pela primeira vez seus poemas com apenas dezessete anos e em seguida se muda para Viena onde passa a vender jornais; de lá parte para Paris onde onde vive de "leite, queijo e poemas". Chega a frequentar cursos na Sorbonne, traduz Vilon e Appolinaire e pouco depois volta à pátria disposto a lutar pela justiça social.
Foi atraído pelas ideologias marxistas e se tornou membro do então ilegal Partido Comunista. Em 1932 lançou um periódico literário que durou pouco, Valóság, e em 1936 tornou-se co-fundador da revista Szép Szó.
Em sua própria poesia, apresentou retratos íntimos da vida proletária, imortalizando a mãe, uma pobre lavadeira, fazendo dela símbolo da classe trabalhadora.
Criou um estilo de realismo melancólico, infundindo com irracionalidade, através da qual conseguiu exprimir sentimentos complexos do homem moderno e revelar sua fé na beleza e harmonia essenciais da existência.
Atormentado por problemas pessoais, mentais (esquizofrenia) e farta depressão atentou contra a própria vida ingerindo cinquenta aspirinas, que apesar de dores terríveis no estômago, não lhe ceifou a vida. Em seguida tomou veneno, que não lhe foi mortal. Resolveu então deitar sobre dormentes de via férrea, entretanto o trem havia parado devido a outro suicida que havia se atirado na linha. Por fim conseguiu seu intento, finalmente atropelado pelo trem, perto de onde estava internado em Balatonszárszó.
Em abril do mesmo ano, seu amigo e também poeta húngaro, Gyula Juhaz (1883 - 1937) havia se matado ingerindo enorme quantidade de barbitúricos.
Poemas:
Levanta-se ao amanhecer como os padeiros
A minha amada possui a cintura esbelta e firme.
Já estive num avião e de cima ela parece mais pequena
mas ainda que eu fosse piloto assim me agradaria.
Ela própria lava a roupa, a espuma sonha e treme nos seus braços,
ajoelha-se como se rezasse, esfrega o chão
e, ao acabar, ri alegremente.
O seu riso é uma maçã cuja casca morde com estrépito
e também a maçã ri, então, às gargalhadas.
Quando amassa o pão levanta-se ao amanhecer
como os padeiros, parentes dos fornos de pão suave
que vigiam com as suas longas pás.
A farinha, ao derramar-se, voa até aos seus peitos livres
onde fica a dormir tranquilamente,
tal como a minha amada no leito perfumado,
depois de esfregar
e de abraçar, até limpar completamente, o meu coração.
A minha esposa será como ela se eu crescer e amadurecer como um homem
e casar-me-ei como o meu pai.
§
Dizem
Quando nasci tinha uma faca na mão.
Dizem: é poesia.
Mas peguei na pena, melhor ainda que a faca.
Nasci para ser homem.
Alguém soluça uma felicidade apaixonada.
Dizem: é amor.
Chama-se ao teu seio, simplicidade das lágrimas!
Só contigo eu brinco.
Não recordo nada e também nada esqueço.
Dizem: como é possível?
O que deixo cair mantém-se sobre a terra.
Se o não encontro, tu o encontrarás.
A terra me aprisiona, o mar me dilacera.
Dizem: um dia morrerás.
Mas dizem-se tantas coisas a um homem
que nem sequer respondo.
(1936)
Fotos:
Estátua em memória do poeta.
Outro ângulo da estátua erguida em memória do poeta húngaro.
Thomas Mann e Attila József.
Attila József na infância.
Túmulo do poeta.
Sua pequena lápide.
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