Alejandra Pizarnik

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(1939 - 1972).

"Eu simplesmente não aceito as condições da vida"


Artista plástica e poeta argentina. Nasceu a 9 de abril de 1939, em Avellaneda, Argentina. Morreu a 25 de setembro de 1972, em Buenos Aires.

Filha de imigrantes do Leste da Europa, estudou filosofia e letras na Universidade de Buenos Aires, depois dedicando-se à pintura sob a supervisão do uruguaio Juan Planas, praticando o estilo surrealista, assim como fazia em sua poesia.

Nessa época, publicou "La tierra mas ajena" (1955); "La última inocencia" (1956); "Las Aventuras perdidas" (1958) e "Árbol de Diana" (1962).

Entre 1960 e 64, viveu em Paris, trabalhando para a revista Cahiers e outras pequenas publicações, colaborando com poesia e crítica. Ali, traduziu as obras de Antonin Artaud, Henri Michaux, Aimé Cesairé e Yves Bonnefoy para o espanhol. Ingressou na Sorbonne, onde estudou história das religiões e literatura francesa contemporânea.

De volta à Argentina, publicou em Buenos Aires quatro de seus livros mais importantes: "Lo trabajos y las noches" (1965); "Extración de la piedra e da locura" (1968) e "El infierno musical" (1971), bem como o trabalho em prosa "La condesa sangrienta" (1971), que dedicou à condessa húngara que foi acusada de inúmeros assassinatos: Elisabeth Bathory. 

Em 1969, obteve uma bolsa da Fundação Guggenheim e em 1972 outra da Fullbright. Em setembro daquele ano, deprimida por um longo processo de expiação existencial, internou-se numa clínica psiquiátrica para tratamento e, no dia 25, aos 33 anos, saiu para passar o fim de semana e suicidou-se, ingerindo uma overdose de Seconal.

Algumas de suas poesias:


Os Passos Perdidos

Antes foi uma luz
na minha linguagem nascida
a poucos passos do amor.

Noite aberta. Noite presença.

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A Jaula

Lá fora faz sol.
Não é mais que um sol
mas os homens olham-no
e depois cantam.

Eu não sei do sol.
Sei a melodia do anjo
e o sermão quente
do último vento.
Sei gritar até a aurora
quando a morte pousa nua
em minha sombra.

Choro debaixo do meu nome.
Aceno lenços na noite
e barcos sedentos de realidade
dançam comigo.
Oculto cravos
para escarnecer meus sonhos enfermos.

Lá fora faz sol.
Eu me visto de cinzas.

(Traduções: Virna Teixeira)

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Sombra dos dias por vir

................................ a Ivonne A. Bordelois


Amanhã
Vestir-me-á com cinzas o amanhecer,
Encher-me-ão a boca de flores.
Aprenderei a dormir
Na memória de um muro,
Na respiração
De um animal que sonha.

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Moradas

................................a Théodore Fraenkel

Na mão arrepiada de um morto,
Na memória de um louco,
Na tristeza de um menino,
Na mão que busca o copo,
No copo inalcançável,
Na sede de sempre.

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Antes                            

................................ a Eva Durrell

bosque musical

os pássaros esboçavam em meus olhos
pequenas jaulas 



Vídeo sobre Alejandra Pizarnik:

"Vértigos o contemplación de algo que cae"



"Memória Iluminada"