Candelabro aceso para Paul Celan (pseud. de Paul Antschel).
(1920 - 1970)
(1920 - 1970)
Poeta e pensador romeno judeu, naturalizado francês. Nasceu a 23 de novembro de 1920, em Cernauti, Romênia (agora Chernovtsy). Morreu em primeiro de maio de 1970, em Paris.
Quando a Romênia caiu sob jugo nazista, foi enviado a um campo de trabalhos forçados onde teve os pais assassinados. Acabada a guerra, trabalhou como tradutor e redator em várias publicações de Bucareste, mudando-se para Viena, onde publicou a primeira coleção de seus poemas: Der Sand aus den Urnen (1948), marcada pela impressão dos terrores e danos da realidade que vivenciara na guerra.
Transferiu-se para Paris em 1948, onde estudou medicina por algum tempo. Lá, traduziu obras para o francês, italiano, poesia russa e Shakespeare para o alemão. Seu segundo volume de poesias Mohn und Gedächtnis (1952) estabeleceu sua reputação como poeta na Alemanha, seguindo-se de Von Scwelle zu Schwelle (1955); Sprachgitter (1959); Die Niemandsrose (1963); Atemwende (1967) e Lichtzwang (1970).
Como poeta, viu seu trabalho reconhecido mundialmente, porém seus prêmios ficaram restritos à Alemanha: Rudolf Alexander Schröder Prize (1957) e Georg Büchner Prize da Deutsche Akademie für Sprache und Dichttung (1960).
Seu poema mais famoso é Todesfuge (Fuga da morte) e os principais livros traduzidos por ele ficaram sendo Papoula e memória (1952); Grades da língua (1959) e A rosa de ninguém (1963). No Brasil há uma antologia sua de nome "Cristal", publicada pela editora Iluminuras.
Sem que se soubessem os motivos, no dia primeiro de maio de 1970 suicidou-se, atirando-se ao Sena, em Paris.
Duas poesias de Paul Celan:
CANÇÃO DE UMA DAMA NA SOMBRA
Quando vem a taciturna e poda as tulipas:
Quem sai ganhando?
Quem perde?
Quem aparece na janela?
Quem diz primeiro o nome dela?
É alguém que carrega meus cabelos.
Carrega-os como quem carrega mortos nos braços.
Carrega-os como o céu carregou meus cabelos no ano em
[que amei.
Carrega-os assim por vaidade.
E ganha.
E não perde.
E não aparece na janela.
E não diz o nome dela.
É alguém que tem meus olhos.
Tem-nos desde quando portas se fecham.
Carrega-os no dedo, como anéis.
Carrega-os como cacos de desejo e safira:
era já meu irmão no outono;
conta já os dias e noites.
E ganha. E não perde.
E não aparece na janela.
E diz por último o nome dela.
É alguém que tem o que eu disse.
Carrega-o debaixo do braço como um embrulho.
Carrega-o como o relógio a sua pior hora.
Carrega-o de limiar a limiar, não o joga fora.
E não ganha.
E perde.
E aparece na janela.
E diz primeiro o nome dela.
E é podado com as tulipas.
(tradução: Claudia Cavalcanti )
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DO AZUL que ainda busca seu rosto, sou o primeiro a beber.
Vejo e bebo de teu rastro:
Deslizas pelos meus dedos, pérolas, e cresces!
Cresces como todos os esquecidos
Deslizas: o granizo negro da melancolia
Cai num lenço, todo branco pelo aceno de despedida.
( tradução: Claudia Cavalcanti )
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Galeria de fotos:
Celan aos 18 anos.
Gisele, sua esposa, e Celan.
Celan em Czernowitz.
Antologia de Paul Celan em português.
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