Prólogo:


O que apresento aos internautas não se trata de uma apologia do suicídio e sequer um cicio persuasivo de que o não-ser é preferível ao ser. Ainda que existam filósofos que mantenham este posicionamento tido por alguns como "radical", filósofos tais como Philipp Mainländer (1841 - 1876) ou ainda na Antiguidade com Hegésias (ou "Hegésea") de Cirene, o autor não está sublinhando esta linha de pensamento ainda que partilhe da mesma.

A proposta é divulgar aqueles que um dia levaram a mão sobre si ou que foram suicidados pela sociedade em que existiram. E quais os critérios? Todo e qualquer suicida terá sua página neste diário dos corajosos? Evidente que não. Não me apetece recordar de figuras como Adolf Hitler, H. Himmler, Joseph Goebbels e Jim Jones por exemplo. Todos foram suicidas, porém todos foram também criminosos indesculpáveis. Não devemos recordar daqueles que de melhor nos deram a própria morte, porque nestes termos o que eu apresentaria aqui seria um bestiário. Não. Estas páginas virtuais serão para os artistas, os filósofos, os cientistas, os humanistas de modo geral, que acrescentaram, edificaram, enriqueceram a cultura e/ou morreram tentando.

Se um dia estes homens e mulheres foram amaldiçoados pela decisão de dar adeus a este claustro, então que agora sejam perdoados, recordados, admirados. Que suas obras e suas biografias sejam retiradas do esquecimento e que seus túmulos sejam limpos das imundícies de tantas maledicências dos que não sentem, não compreendem.

Não me limitarei somente ao excelente livro do saudoso J. Toledo ("Suicidas Ilustres"), porém quando recorrer ao mesmo já estarei corrigindo as informações equivocadas, acrescentando informações úteis e fidedignas.


Eu dedico este trabalho a Hegésias de Cirene, a Arthur Schopenhauer, a Philipp Mainländer, a Augusto dos Anjos, a Emil Cioran e também a J. Toledo, que resolveu por partir em 2007.


Marcelo Ronconi L. S.